Avançar para o conteúdo principal

Ouve bem

Pervigilium Veneris

Ao redor da lagoa chão de lava
Mas límpida a coluna do pescoço
Os gritos que darás ainda os ouço
Era por ti de noite que eu chamava

E rodavam as ilhas   E rodava
o desejo na fome de um só poço
À vista das crateras que alvoroço
na lava desta insónia que as não grava

Antes que o sono venha e me retome
ou que um sono maior me estenda a rede
ouve bem ouve bem o que te digo

É só de água afinal que tenho fome
Só de lava não mais que sinto sede
Que vigília infernal sonhar contigo


David Mourão-Ferreira

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Da beleza #7

Na origem da beleza está unicamente a ferida, singular, diferente para cada qual, escondida ou visível, que todos os homens guardam dentro de si, preservada, e onde se refugiam ao pretenderem trocar o mundo por uma solidão temporária mas profunda. Fora de miserabilismos. A arte de Giacometti parece querer revelar essa ferida secreta dos seres e das coisas, para que ela os ilumine. Jean Genet , in O Estúdio de Alberto Giacometti Alberto Giacometti no seu estúdio em Paris (fonte aqui)

Dentro do movimento

Hoje lembrei-me do quanto gosto deste senhor.

Solstício

(fonte aqui) O dia mais longo.