O nome dela é Felicidade.
Mas de dentro dela sai tristeza. Sai pelos gestos lentos e pesados, pelos olhos baços que, contaminados, passaram a descobrir o mais ténue vestígio triste na alegria que a rodeia.
As cores agridem-na, apenas se sente descansada quando esquecida no cinzento da roupa que veste, o cinzento que ela foi vendo invadi-la - primeiro o cabelo, depois os olhos... até mesmo a pele parece ter ganho um ligeiro tom de cinza.
Ela deixa. O mundo já não lhe é feito de contrastes, é apenas um monótono olhar da luz a subir e a descer atrás do nevoeiro. Repetidamente.
Do resto, esqueceu-se.
Quem lhe deu o nome talvez lhe quisesse fazer lembrar.
És tão alegre, tão claro o teu sorriso, meu menino,
Não sigas esta ventura que espalha veneno pelo ar,
Não, tu não sabes, não sabes o que é este violino,
O que é o terror escuro de quem começa a tocar.
Nikolai Gumiliov
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