O lugar perfeito para escrever sobre um quarto que seja seu, é na casa de outros. O dia propício, é aquele que inicia com um superior de hierarquia familiar a colocar-te no lugar que, segundo ele, te pertence - o da obediência à sua vontade. Já repeti que por vezes os livros nos são tão próximos, que não há o que escrever sobre eles. Ou haverá, apenas não lhe sentimos a necessidade; são mais sentidos que pensados, se o posso dizer. Um quarto que seja seu , de Virginia Woolf, apesar de tudo, não é um desses. Não sei se existirão muitos livros que se aproximem com tanta perspicácia de questões que já coloquei sobre um assunto específico, de situações gritantes ou subtis das quais já me apercebi. Que retrate mesmo parte da minha realidade exterior. E ainda assim, leio-o sem grande emoção. Se calhar mesmo porque já pensei no mesmo; porque a situação da mulher na sociedade vem-me sendo mostrada a partir de casa, porque tenho bons exemplos das dificuldades colocadas às mul...
mas que bem. :)
ResponderEliminar:)
EliminarHá momentos que sabem mesmo bem.
(posso perguntar como vai a Guitá?... Curiosidade de quem leu e adorou ;) )
as minhas leituras têm andado um pouco paradas... pouco me adiantei na Guitá, para ser sincero. depois há sempre aquele problema de certos livros requererem um tempo muito próprio de leitura. para mim, não sei se acontece ctg, para mim, dizia, existem livros que fico com a impressão de que nunca os li se não os ler em dois ou três dias. são exigentes. já outros, necessitam de uma absurda ralentização. semanas, meses... é o ideal. :)
EliminarEntendo muito bem. :)
EliminarAcho que cada livro tem o seu tempo em nós; e nós neles. Alguns livros de poucas páginas, prolongam-se por semanas, por vezes.
A Guitá, por exemplo, para mim, desconfio que durará uma vida. :)
reparei que não tens uma tag com o Gabriel Garcia Márquez. não que seja obrigatório, apenas digo-o e reparo, porque o Crónica de Uma Morte Anunciada é um desses livros pequenos que ficam. aliás, os livros do Márquez são capazes de despertar essa insónia. e, para mais, eu andei a espreitar o blogue e vejo na tua escrita algo do Márquez. uma sobriedade Marqueziana, se é que isto existe.
ResponderEliminarTens razão... A única razão é não ler Márquez já há vários anos, sendo que esse livro que mencionas foi dos primeiros que li dele. Mas é verdade que permanecem; a Úrsula, por exemplo, do Cem Anos de Solidão, ainda está acordada. ;) Um dia regressarei a ele.
ResponderEliminarE obrigada pelo gentil elogio; "sobriedade Marqueziana" soa-me muito bem. :)
(também quase não há Borges aqui, e eu que gosto tanto. ainda há muito para 'postar' ;) )
ahm, o Cem Anos de Solidão... é do patamar MITO. para mim é um dos três melhores romances de sempre. e olha que eu sou um admirador de Márquez recente. só o comecei a ler há um par de anos - eu também sou um moço novo, 27. :) mas, mas, mas, sim, Borges, outro mito.
ResponderEliminarnão li o Márquez mais cedo porque nos meus primeiros vintes era um snob que achava «tem sucesso e fama, vende muito»... desconfiava. nem me dava ao trabalho. depois veio parar-me às mãos, precisamente, o Cem Anos de Solidão, e, meu Deus, que grande peça de arte...
:)
:) O Borges tem um livro que é ainda dos meus preferidos, O Aleph. Se bem que o Ficções está muito a par... Difícil escolher; li Borges depois de Márquez, e confesso que me fez ainda mais "mossa". :)
EliminarAhah, esse snobismo pode ser aplicado justamente numas quantas edições que para aí se fazem...:P Mas não tenho seguido os best sellers apenas porque começo a traçar um caminho próprio, que me é mais indicado pelas minhas próprias leituras do que pelas da maioria. O que não significa que não aceite sugestões. :)
(e quais são para ti esses outros dois, dos três melhores romances? eu tenho sempre dificuldade em classificar, é um drama :D)
és como eu: sigo o instinto, ou as afinidades. o problema desses escritores na moda, dos «fenómenos» de vendas, é que quando passa o tempo deles, já ninguém se lembra de quem foi e o que escreveu, enquanto uma grande obra e personalidade continua a vender, a ser charneira e estudado pelos séculos fora.
Eliminaroh :) dizer que o Cem Anos de Solidão é um dos três melhores romances de sempre é uma figura de estilo, apenas com o intuito de o relevar para uma posição especial... que tem, muito. mas gostei muito de todos os que já li. o Garcia Márquez é um caso de estudo. um escritor que se tornou tremendamente popular, na ordem dos milhões, sendo que criou literatura do mais alto nível. isto só pode dizer uma coisa: que estava certo!
gosto muito do Borges e de te saber leitora da Gabriela Llansol, que me parece que também aprecias muito. é bom termos leitores da obra de Llansol, que me parece um pouco restrita, dado o pendor mais experimental, denso e crítico dos livros, a círculos académicos. e, mesmo assim, podemos contá-los pelos dedos das mãos...
um livro que está na cadeira-de-cabeceira (sim, eu uso uma cadeira, no quarto, para colocar os livros, eh eh eh) é o Contos do Mal Errante. sublime. e espero muito bem que a 'profecia' do Eduardo Lourenço, de que um dia Llansol terá um lugar mitológico na literatura portuguesa ao lado do Pessoa, se confirme. reza aos santinhos, Ana. todos os santinhos. :)
É verdade o que dizes - e ainda assim, há espaço para uma série de autores muito bons que são praticamente desconhecidos. O que me parece é que muito "barulho" se vai sobrepondo, acrescentado a um cada vez maior facilitismo - quero dizer, encontro muitas vezes pessoas que lêem para se distraírem, e que por isso não são muito exigentes e, logo, não têm iniciativa de procurar novas coisas. Não estou a dizer que tenham de o fazer, mas como eu leio para, essencialmente, aprender (e daí retiro um enorme prazer), não é uma visão da leitura com a qual me identifique.
EliminarMas, como dizia, se lermos apenas o que nos dizem para ler, quantos escritores correm o risco de serem esquecidos, ou lidos por uma minoria?... Isto não me incomodaria se não tivesse repercussão na edição - assusta-me a ideia de querer ler um livro e não o ter mais disponível, é uma perda imensa.
Mas eu sou optimista :) e tenho descoberto muito bons autores, inclusive portugueses (conheces Nuno Bragança?). A Llansol é uma dessas descobertas; gosto muito, sim; é das tais leituras que nos vão acompanhando e que pedem novas leituras ao longo do tempo. Esse que está na tua cadeira (os meus estão por todo o lado, ahah) ainda não li, mas lá chegarei! :) Para mim ela já é mitológica, mas torço para que o Eduardo Lourenço (também ele já algo mitológico...) esteja certo, sim. :)
bem, conheço o Nuno Bragança como conheço, por exemplo, o Valério Romão: um escritor que vale a pena mas do qual só li uns excertos mínimos da obra, espalhada internet/jornais fora. nunca peguei nos exemplares e li de capa a capa.
Eliminareu tenho um trio, o trio dos intocáveis, eh eh eh, na literatura portuguesa: Camilo, Lobo Antunes e Llansol. adoro a Llansol e a obra.
ai, comigo não dá ler «para me distrair». sou demasiado crítico e abandono um livro à primeira página, se preciso for, se vejo que aquilo não me oferece nada (a tal aprendizagem e o prazer de pensar, o prazer de sentir o pulsar do universo). tenho a escrita e a leitura como uma coisa séria, como a engrenagem motora da existência. não faço muito sentido se me afastar da leitura e da escrita por muito tempo. fica demasiado pesado, o tempo.
oh, falo daqueles livros que andamos a ler e gostamos de ter à mão. eu tenho-os numa cadeira. :) de resto, também andam cá por casa por todo o lado, mas muito arrumados, quase metodicamente (a tal seriedade de que falava :)
gostas de fotografia? costumas fotografar? já tive várias galerias online, mas são como os blogues: explodem passado um tempo :) esta galeria no 500px, vou tentar mantê-la. se quiseres espreitar:
https://500px.com/atafiop
O Valério Romão, ainda só conheço de nome, preciso descobrir a escrita. :)
EliminarMas do Nuno Bragança li tudo, e foi uma excelente descoberta; menciono-o sempre que falo de autores portugueses, chego a ser chata, ahah.
Lobo Antunes é dos meus preferidos, mas tenho de acrescentar Herberto Helder e Rui Nunes :D
Desde há uns tempos que me desaponto cada vez menos com as minhas leituras, porque é o tal caminho que se torna mais definido; e quando estou a ler, apesar de me isolar do que me rodeia, estou muito em sintonia com o mundo e mesmo comigo - não consigo ler como quem lê revistas, para passar um tempo sem me aperceber da vida (o Henry Miller fala sobre isto muito melhor que eu, num pequeno grande livro chamado Ler na Retrete).
Eu sou um bocado caótica, mas levo muito a sério os meus livros. :)
Gosto muito de fotografia; por vezes coloco aqui alguma foto de que gostei muito, e tenho até uma note to self para não me esquecer de arranjar uma máquina fotográfica, para captar os pormenores que noto por aí.
Vou espreitar a tua galeria com toda a certeza. :) Obrigada pelo link!