Meti a mão no bolso do casaco e ela regressou cheia de pedaços de papel amarrotados. Palavras amachucadas, feridas de esquecimento. Escrevo onde calha, onde e quando consigo agarrar as palavras. Mas deixo-as secar dentro de cadernos e livros, dentro da roupa, das gavetas, debaixo das almofadas.
Quando a mão sai do bolso, as palavras são já cinza de mim.
Gostava de te escrever nas folhas das árvores; escrever-te uma palavra nova por cada nova folha. Quando chegasse o Outono, o vento levá-las-ia até à tua porta, e tu farias uma história com elas.
Para ler-me através de ti.
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