Saí de Lisboa descendo uma escada em caracol até às minhas raízes - para o interior do tempo e de mim.
Lugares escondidos em silêncios pesados, onde as pedras nos montes entoam mantras e os riachos murmuram lições por entre as mimosas floridas - explosões amarelas para onde quer que olhe.
Mais perto, outras árvores em flor falam de si: a sofisticação das magnólias, a alegria das ameixeiras, a doçura delicada dos pessegueiros. E o humor atrevido daquelas que, ainda caladas, me puxam os cabelos com os dedos despidos.
Colho tangerinas brilhantes de sumo na luz do sol maduro e reparo que o tempo ali é o mesmo de quando era criança - dilatado, imenso, sem data no calendário.
Confundo-me com o lugar, não sei se as minhas raízes não serão as mesmas que as daquelas árvores.
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