Guardei para ler Bashô quando estivesse embrenhada no livro de Quignard.
Acho que fiz bem.
Ambos falam de beleza sem escreverem sobre ela.
Ambos escrevem num tempo sobre o que está fora dele.
Os haiku de Bashô são instantâneos perfeitos: a imagem de um momento irrepetível captado de tal forma que nos apercebemos da intemporalidade da sua natureza.
Quanto tempo em contemplação, procurando talvez palavras como quem procura ouro, escolhendo, polindo, até chegar ao essencial?
Há mais silêncio que palavras na poesia de Bashô. Talvez isso o aproxime da beleza - ele não fala sobre ela, mas dela.
Admirável aquele
cuja vida é um contínuo
relâmpago
Matsuo Bashô, in O Gosto Solitário do Orvalho
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