(fonte aqui) O caminho é sempre estreito, o norte é sempre longínquo. Mas embora todos nós caminhemos, poucos de nós viajam. Talvez levássemos uma vida mais preenchida e compreendida, se o fizéssemos. Se tivéssemos a disposição de conhecer o Outro - o outro espaço, o outro tempo, o outro ser. Não é preciso levar a vida de Bashô, apenas ver como ele. Quando Bashô escreve, o tempo já foi abolido, porque ele vê o que permanece, o que veio de ontem, o que ficará amanhã - como tão bem o diz Quignard, produz um curto-circuito . E nesse curto-circuito tudo é ao mesmo tempo (assim como se o aleph estivesse em nós ). São assim os poemas que escreve (e que só poderiam ser haiku ), e é assim o relato da sua viagem. Ao visitar muitos lugares cantados em velhos poemas, quase sempre as colinas se achataram, os rios secaram, os caminhos desapareceram, as pedras se cobriram de hera e árvores novas substituem as velhas e veneráveis. O tempo passa e pass...