Hoje é o famoso Bloomsday.
E eu, que tenho parte de mim entre as páginas do Ulisses, e sou toda olhos e espanto quando me apercebo da incrível capacidade de escrita do James Joyce, não poderia deixá-lo em branco.
Mas, como sou dispersa, e porque também é dia de lembrar Mourão-Ferreira, fica a minha associação de ideias, ainda que possa ser rebuscada:
Penélope
Mais do que um sonho: comoção!
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.
E recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.
Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.
David Mourão-Ferreira
Comentários
Enviar um comentário