que eu aprenda tudo desde a morte, mas não me chamem por um nome nem pelo uso das coisas, colher, roupa, caneta, roupa intensa com a respiração dentro dela, e a tua mão sangra na minha, brilha inteira se um pouco da minha mão sangra e brilha, no toque entre os olhos, na boca, na rescrita de cada coisa já escrita nas entrelinhas das coisas, fiat cantus! e faça-se o canto esdrúxulo que regula a terra, o canto comum-de-dois, o inexaurível, o quanto se trabalha para que a noite apareça, e à noite se vê a luz que desaparece na mesa, chama-me pelo teu nome, troca-me, toca-me na boca sem idioma, já te não chamaste nunca, já estás pronta, já és toda Herberto Helder , in A faca não Corta o Fogo