Dois corpos que se aproximam e crescem e penetram na noite de sua pele e seu sexo. Duas escuridões enlaçadas que inventam na sombra sua origem e seus deuses, que dão nome, rosto à solidão, desafiam a morte porque se sabem mortos, derrotam a vida porque são sua presença. Diante da vida, sim, diante da morte, dois corpos impõem realidade aos gestos, braços, coxas, húmida terra, vento de chamas, tanque de cinzas. Diante da vida, sim, diante da morte, dois corpos conjuraram obstinadamente o tempo, constroem a eternidade que se lhes nega, sonham para sempre o sonho que os sonha. Sua noite repete-se num espelho negro. Juan Luis Panero