J'écrivais des silences, des nuits, je notais l'inexprimable. Je fixais des vertiges.
Arthur Rimbaud
Não tenho talento para a escrita.
Quanto mais leio, mais o sei.
É triste, porque se olhar com atenção, é por amor a ela que amo ler. Escrever mal parece uma traição.
Sinto-me uma espécie de Joseph Grand, sem encontrar as palavras certas; e no entanto, acabo sempre por escrever. Preciso da escrita para transcrever os meus próprios silêncios e parar a vertigem. Ou tentar. Procuro-me nas minhas palavras ao estilo de Flannery O'Connor, que dizia escrever porque não sabia o que pensava até ler o que dissera.
Não é nada de novo - sou apenas mais um ponto numa linha tão longa quanto a existência da minha raça. A escrita é tradução do Homem; tudo o que ele faz, pensa ou quer guardar no tempo, ele escreve.
O que se terá passado na cabeça do primeiro Homem a escrever?... O que quer que seja que tenha sido, a escrita foi a sua primeira afirmação enquanto tal.
Auto-conhecimento, meio de escape, consolo, catarse, ou tudo isso junto - a escrita é maior do que os escritores. A escrita é alquimia.
Dá a ideia de que o homem não inventou a escrita, descobriu-a como ao fogo.
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