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O peso

Atrás de mim há o vazio pesado dos antepassados, e o rasto inverso que nos deixaram.
Piso o chão onde eles caminharam.
Vivo na casa que alguém construiu, como o pão que outro inventou; falo a língua que todos eles lapidaram. Existo apenas porque eles existiram.
Sou uma emanação do passado – visito ruínas sabendo que estou em casa.
Carrego aos ombros milhares, milhões de fantasmas. Um cordão umbilical liga-me ao primeiro homem.
O peso da História. É insuportável.


Comentários

  1. um peso de facto... e de cada vez que respiramos, aspiramos moléculas que já passaram por praticamente todos os seres deste planeta, desde que há vida, moléculas com origem em todas as estrelas do universo observável... e expiramos moléculas que passarão por todos os seres a serem criados... moléculas que no final deste planeta serão espalhahas por todo o universo... o que dizer desse peso? (ou será absoluta leveza)

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    Respostas
    1. Não sei... não sinto isso como peso, na verdade. Não no sentido em que escrevia, pelo menos. Falava especificamente do ser humano enquanto ser histórico. O ar que respiramos faz-me pensar mais em união, talvez. :)

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    2. eu percebi esse peso que referias... e adorei o "visito ruínas sabendo que estou em casa".

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André Kertész , 1969 (fonte aqui)