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A noite do dia:

oh meu astral amor
será que tu não vês que estou de fora
corcel imóvel branco sobre a praia
cujas areias não tocam o teu seio
nem o teu ventre cálido iluminam?
Porque (analisemos) para te possuir
nem subimos escadas nem descemos canções
e só na tua língua junto à minha
o promontório sofres e refreias.
Por isso que das asas
a pupila do desespero não nos colha
nem tal a da esperança.
Continuaremos porém a afirmar
que as nossas almas sem dúvida alguma se completam
e queremos num só corpo, o de um de nós, à escolha,
ter o sentido verdadeiro e certo.
A estremecer, como convém.

Luís Garcia de Medeiros, in Noites

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