Ter alguns dias livres de internet fora de Lisboa é bastante saudável. Há mais espaço para limpar a casa, visitar familiares, para apreciar o sol e sentarmo-nos no jardim a fazer uma fraca figura tentando pintar uma macieira no caderninho de aguarela... Há especialmente mais espaço (sobretudo mental) para ler quase de seguida o Ágape, Agonia , de William Gaddis. Porque é necessária alguma disposição. Quando cheguei ao posfácio, escrito por Joseph Tabbi, e ele me diz que na «história secreta» do livro se encontra ligação a Thomas Bernhard (em especial ao Betão), eu respondo-lhe: bem, sr Tabbi, isso não é nada secreto, é até algo gritante ao longo do livro. Porque para além das referências musicais e do "resmungar", é um monólogo cheio de modulações que chegam a ser avassaladoras em certos momentos, de uma fala que enreda com fios que levam de um pensamento a outro, até se estar preso dentro da angústia da personagem como numa teia pegajosa. É o piano mecânico, não ...