Quando não sei o que escrever, quando nada vem à tona da mente, mesmo enquanto eu bracejo esforçadamente para tentar aí chegar, costumo preparar uma chávena de cevada. Ou, se o caso é mesmo grave, de café - porque há gestos que me evocam ideias, imagens que me evocam palavras; porque eu sou refém de detalhes, ao que parece. Não tem dado resultado. Todas as ideias se perdem rápido, escorrem como água. Ou, para ser talvez romântica (ou pirosa), como minúsculos pássaros, esvoaçam para um qualquer canto mal eu viro a cabeça de uma para outra, e aí ficam, numa escuridão de onde eu só ouço um ligeiro farfalhar de asas. Não haveria problema algum se eu não tivesse esta mania das palavras, que nada parece substituir. Paliativo: vir publicamente juntar palavras sem conteúdo num blog. Remédio: continuar as leituras. Projecto: sacar a lanterna do bolso, procurar esses pássaros esquivos e transformá-los em esquissos. Vou atrai-los com as palavras dos livros. Assim como quem dá milho aos ...