Jean de La Bruyère tinha uma preferência acentuada pelo verde. Com uma guitarra, fazia palhaçadas. Era feio. A parte de baixo da sua cara foi-se tornando mais pesada e achatada. Os lábios eram grossos e talhados por uma espécie de amuo cada vez mais demorado. Como toda a gente, esticava as mãos, o nariz, o olhar, na ansiedade de ser amado, mas de cada vez que teve expectativas de seduzir acabou a chorar os seus desgostos. Ganhou assim uma espécie de dor, no mínimo inestética e disfarçada, uma espécie de caruncho. Além disso, rígido, burguês, fiel, vaidoso, espampanante, inquieto, azedo, com um evidente ridículo, uma extrema gravidade no humor. Tinha a alma cravejada de desprezos. (...) Pascal Quignard escreve e eu leio. E se entre as duas coisas há espaço e tempo a separá-las, quando a segunda acontece, parece que ele está mesmo ali a falar-me, ou que escreveu para mim sem que sequer o soubesse. Tenho um fraquinho literário pelo monsieur Quignard. É coisa certa.