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Mensagens

A mostrar mensagens de 2016

Música à noite #83

Do dia:

(fonte aqui) Finalmente ver um filme há muito em espera, e como bónus, ouvir Peter Handke. Uma boa tarde. (E um final de tarde tão bom ou melhor).

Música à noite #82

Poema à noite #28

NENHUMA MÁSCARA Não sabemos ainda como perdemos as asas: se nos lancis dos terraços em voo sobre os pomares de amendoeiras, se nas sobrevoadas cumeadas dos bosques de bétulas em novembro, se nos olhos de água, se na puta da vida emitindo recibos e assinando avenças. Sabemos apenas que nos olhamos hoje e nenhuma máscara nos cabe no rosto. José Carlos Barros , in O Uso dos Venenos

Do dia:

(fonte aqui) E para acompanhar: Uma foto publicada por @sur_des_tablettes_de_buis a Out 26, 2016 às 3:02 PDT

Instantâneo #22

Sobe indolente o gato para as costas do sofá. Como um monte de folhas secas, espalha-se o corpo numa figura amorfa onde deixa de se distinguir o começo e o fim. Cansado ou desinteressado, ou cansado de tão desinteressado, ali fica. Se levanta a cabeça, é para olhar a chuva lá fora, ou algum gato que passa sentindo no pelo o que ele nunca sentiu.

Da disposição #48

(fonte aqui)

Da disposição #47

(fonte aqui)

Mood

(fonte aqui)

My kind of tv

(fonte aqui)

A dançar

Música à noite #80

O Nobel não me impressiona. O Dylan sim.

Breve divagação #11

Quando não sei o que escrever, quando nada vem à tona da mente, mesmo enquanto eu bracejo esforçadamente para tentar aí chegar, costumo preparar uma chávena de cevada. Ou, se o caso é mesmo grave, de café - porque há gestos que me evocam ideias, imagens que me evocam palavras; porque eu sou refém de detalhes, ao que parece. Não tem dado resultado. Todas as ideias se perdem rápido, escorrem como água. Ou, para ser talvez romântica (ou pirosa), como minúsculos pássaros, esvoaçam para um qualquer canto mal eu viro a cabeça de uma para outra, e aí ficam, numa escuridão de onde eu só ouço um ligeiro farfalhar de asas. Não haveria problema algum se eu não tivesse esta mania das palavras, que nada parece substituir. Paliativo: vir publicamente juntar palavras sem conteúdo num blog. Remédio: continuar as leituras. Projecto: sacar a lanterna do bolso, procurar esses pássaros esquivos e transformá-los em esquissos. Vou atrai-los com as palavras dos livros. Assim como quem dá milho aos

Do dia:

Ao ombro um saco, no saco dois livros que me fazem caminhar mais depressa para o momento em que estarei sossegada com eles e com um lápis e um caderno para tirar apontamentos. Leitura-alimento .

Numb

Recado #35

(fonte aqui) Arranjar uma escrivaninha.

Música à noite #79

Outono

(fonte aqui)

Música à noite #78

Música à noite #77

Shostakovich é como a bossa nova nas palavras do Caetano.

(parêntesis) #56

Oito meses e um dia depois, o mesmo sentimento angustiante:

Da beleza #53

Isto é a beleza.

Da beleza #52

(fonte aqui)

Caminhando

Coisas que se encontram jogando o jogo da macaca: Meus passos nesta rua Ressoam          Noutra rua Onde          Ouço meus passos Passarem nesta rua Onde Só a névoa é re.al. Octávio Paz Que maravilha.

Música à noite #76

Want

(fonte aqui)

Da disposição #46

(fonte aqui)

Da beleza #51

Apontamento #6

Agosto custa a passar. De augusto tem quase nada para mim, e mesmo quando se caminha um pedacinho melhor, sempre se pega como pastilha elástica na sola do sapato - até que saia, já exasperei. Agosto tira-me o fôlego - vou buscar o escafandro, que desta feita se chama Rayuela .

Música à noite #75

Da disposição #45

(fonte aqui)

Dias assim:

(fonte aqui)

Da beleza #50

(fonte aqui)

Recado #34

(fonte aqui)

Isto:

O prazer físico no acto do amor é como o gozo pela velocidade num corredor das Quinhentas de Indianápolis. O objectivo último é outro, mas não só. Quando tenho uma relação sexual integralmente triunfante, sinto-me como quem peregrinou ao coração da Terra. O Tempo que pára, essa coisa da noite transformada oh Deus. Vontade de saltar de alegria por estar metida em vida, por haver alteridade e acender dos faróis com que os navios em marcha fazem sinais uns  para os outros. Tenho então a sensação de que serei sempre uma criança, o acto sexual conseguido pega em mim como um banheiro de Espinho a mergulhar uma criança nas sucessivas ondas de um oceano que outra coisa não é senão ela própria e tudo. Nuno Bragança , in Obra Completa 1969-1985

(parêntesis) #54

Ihihih.

Da disposição #44

(fonte aqui)

Da disposição #43

Sleeping Nude with Cat   -     Andrej Bazanov (fonte aqui)

Música à noite #74

Da disposição #42

Margaret Durow (fonte aqui)

Persona

Persona ,  (1966)  Ingmar Bergman (fonte aqui)

Poema à noite #26

That's a beauty .

Das palavras #2

Sempre me pareceu que há no dicionário muitíssimas palavras para exprimir de forma decente os meus desejos que rodam à volta de um objecto que roda à volta deles, como se a pedra caída na água girasse à volta dos círculos que ela própria originou. No fundo, tudo ali se reencontra. Todas as palavras estão na natureza. Paul Éluard , in Brincadeiras Vagas a Boneca

Música à noite #73

Da escrita #3

(...) Provavelmente o seu trabalho e você, isto é, o seu trabalho enquanto produto seu e você na correlação com o seu trabalho, como quiser, estão condenados à não-publicação, porque você sofre com certeza pelo facto de trabalhar no seu trabalho, mas não publicar esse trabalho, esta é que é a verdade, penso eu, só que você não confessa, nem sequer a si próprio, que sofre com essa injunção da não-publicação, como lhe poderíamos chamar. Eu sofreria com o facto de não publicar o meu trabalho literário.  Mas é claro que o seu trabalho não se pode comparar com o meu trabalho. Não conheço, porém, nenhum escritor nem pessoa nenhuma dedicada à escrita que aguente muito tempo sem publicar o que escreve, que não tenha curiosidade em saber o que diz o público do seu escrito, eu estou sempre ansioso por saber, disse Reger, embora diga sempre que não estou ansioso por saber, que não me interessa, que não tenho curiosidade em saber a opinião do público, estou realmente ansioso por saber, é claro

Música à noite #72

Recado #33

(fonte aqui)

Da linguagem

Human

Música à noite #71

Música à noite #70

For when I'm feeling sad .

Música à noite #69

Porque da outra vez foi pouco.

Da beleza #48

(fonte aqui)

Música à noite #68

Da disposição #40

Johan van der Keuken -  Lucette (from We are 17), 1955 (fonte aqui)

Distância

A distância entre o olhar e a mão.

Da beleza #47

(fonte aqui)

Holes and absolutes

Surely our feelings and perceptions cannot all be identical. I suspect they may be quite different. The world is accessible to an original mind, it is hermetic only in a relative sense. It contains far more holes and far more absolutes  than are immediately apparent. Only we can't see them, we don't recognize them. Andrei Tarkovsky ,  15 july 1981, in  Time Within Time  THE DIARIES  1970-1986

Da arte

Close-Up , Abbas Kiarostami , 1990    (fonte aqui)

Visitação

Da disposição #39

(fonte aqui)

Recado #32

(fonte aqui)

Poema à noite #25

ESPAÇO I «A noite impôs ao céu uma servidão de inúmeras estrelas», e a via láctea aprende como nasce um cometa dilacerante, «que o meu corpo se despedace nas pontas das estrelas», Carlos de Oliveira , in Micropaisagem

Música à noite #67

As palavras

Tocamo-nos todos como as árvores de uma floresta no interior da terra. Somos um reflexo dos mortos, o mundo não é real. Para poder com isto e não morrer de espanto - as palavras, palavras. Herberto Helder E Herberto e Brandão

Em todas as ruas te encontro

Solstício

(fonte aqui) O dia mais longo.

Do dia:

On reading

André Kertész , 1969 (fonte aqui)

Da beleza #46

Há com certeza poucas coisas tão lindas quanto esta. Em Lisboa, será perfeito.

Da disposição #38

Untitled   -   Jan De Maesschalck  2011 (fonte aqui)

Ver o caminho

(...) Ver ou não ver é qualidade nossa, não atributo do real que nos cerca. É já manhã, e a vida esplende, fez-se de noite. O caminho para o fazer é melhor do que o fazer feito. Ruídos, claridade, pronúncia das palavras, toque ao piano. (...) Maria Gabriela Llansol , [De: Caderno 1.55, 106-109]

Da disposição #37

(fonte aqui)

Música à noite #66

Agonia e Ágape

Ter alguns dias livres de internet fora de Lisboa é bastante saudável. Há mais espaço para limpar a casa, visitar familiares, para apreciar o sol e sentarmo-nos no jardim a fazer uma fraca figura tentando pintar uma macieira no caderninho de aguarela... Há especialmente mais espaço (sobretudo mental) para ler quase de seguida o Ágape, Agonia , de William Gaddis. Porque é necessária alguma disposição. Quando cheguei ao posfácio, escrito por Joseph Tabbi, e ele me diz que na «história secreta» do livro se encontra ligação a Thomas Bernhard (em especial ao Betão), eu respondo-lhe: bem, sr Tabbi, isso não é nada secreto, é até algo gritante ao longo do livro. Porque para além das referências musicais e do "resmungar", é um monólogo cheio de modulações que chegam a ser avassaladoras em certos momentos, de uma fala que enreda com fios que levam de um pensamento a outro, até se estar preso dentro da angústia da personagem como numa teia pegajosa. É o piano mecânico, não

Programa para próximos dias:

Alphaville , Jean-Luc Godard , 1965 (fonte aqui)

Dia de sol:

Lá fora há sol. É apenas o sol mas os homens olham-no e depois cantam. (...) Alejandra Pizarnik , excerto do poema A Jaula

Da beleza #45

(fonte aqui)

Da disposição #36

(fonte aqui)

Recado #31

(fonte aqui)

Do dia:

Divagação #3 (sobre quartos)

O lugar perfeito para escrever sobre um quarto que seja seu, é na casa de outros. O dia propício, é aquele que inicia com um superior de hierarquia familiar a colocar-te  no lugar que, segundo ele, te pertence - o da obediência à sua vontade. Já repeti que por vezes os livros nos são tão próximos, que não há o que escrever sobre eles. Ou haverá, apenas não lhe sentimos a necessidade; são mais sentidos que pensados, se o posso dizer. Um quarto que seja seu , de Virginia Woolf, apesar de tudo, não é um desses. Não sei se existirão muitos livros que se aproximem com tanta perspicácia de questões que já coloquei sobre um assunto específico, de situações gritantes ou subtis das quais já me apercebi. Que retrate mesmo parte da minha realidade exterior. E ainda assim, leio-o sem grande emoção. Se calhar mesmo porque já pensei no mesmo; porque a situação da mulher na sociedade vem-me sendo mostrada a partir de casa, porque tenho bons exemplos das dificuldades colocadas às mulhere

A noite do dia:

oh meu astral amor será que tu não vês que estou de fora corcel imóvel branco sobre a praia cujas areias não tocam o teu seio nem o teu ventre cálido iluminam? Porque (analisemos) para te possuir nem subimos escadas nem descemos canções e só na tua língua junto à minha o promontório sofres e refreias. Por isso que das asas a pupila do desespero não nos colha nem tal a da esperança. Continuaremos porém a afirmar que as nossas almas sem dúvida alguma se completam e queremos num só corpo, o de um de nós, à escolha, ter o sentido verdadeiro e certo. A estremecer, como convém. Luís Garcia de Medeiros , in Noites

Cat people

(fonte aqui)

Da disposição #35

(fonte aqui)

Música à noite #65

Da beleza #44

Biblioteca de Celso , Éfeso, Turquia (fonte aqui)

Da disposição #34

(fonte aqui)

Da beleza #43

Poema à noite #24

Exausto Eu quero uma licença de dormir, perdão para descansar horas a fio, sem ao menos sonhar a leve palha de um pequeno sonho. Quero o que antes da vida foi o profundo sono das espécie, a graça de um estado. Semente. Muito mais que raízes. Adélia Prado , in Bagagem

As pessoas nos objectos

Viagem interior Alguém escreveu que o livro da Patti Smith, M Train , é como uma carta que se recebe de um amigo. Acho uma boa descrição.  Quando li o Just Kids , aconteceu-me sentir-me próxima o suficiente do que lia para não conseguir ou não precisar de escrever sobre ele. Neste, é ela que parece aproximar-se - como uma amiga que nos escreve sobre si. E uma carta é para ler, não para ser comentada, por isso nem sei o que estou aqui a fazer. Possivelmente a divagar, ainda meio embrenhada nos cafés e nas suas mesas, nas máquinas fotográficas, nos livros e nos gatos, tudo parte de um mundo onde de certo modo também pertenço. Uma coisa em especial me ficou desta carta - os objectos. Não tanto eles mesmos, mas a importância que lhes é dada. Demorei muito tempo para conseguir superar a incapacidade de me libertar dos objectos (ou de os libertar a eles de mim) que fossilizam e se tornam apenas peso, mas a nossa proximidade não se alterou, continuo (tal como a Patti) a fal

"Where am I when I'm not in reality or in my imagination?"

Rui Calçada Bastos , The Mirror Suitcase Man (fonte aqui)

Cópia

Cópia: - É bom escrever com uma caneta nova. Como aquela que eu tive pela primeira vez. Mas hoje não faço erros ortográficos. Que dizer? Que estou a ver «Tieta do Agreste». É tal qual um brinquedo agradável. A caneta, não Tieta, claro, que é um normalíssimo folhetim da ordem brasileira da distracção primária. Maria Gabriela Llansol , Inéditos, in Llansol: a liberdade da alma

Música à noite #64

Poema à noite #23

Em frente à minha varanda um melro salta pelo jardim e quando pára, alça a cauda evitando o viés da instabilidade Flanêur jovial seu canto enche de encanto o meu dia Preciosa ilusão da alegria como criança saltando à corda brinca com as leis do fim Ana Hatherly , in Itinerários É mesmo isto.

Da beleza #42

(fonte aqui) Pormenor.

Recado # 30

(fonte aqui)