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A mostrar mensagens de 2017

Pedaços de mim na fala dos outros #38

As minhas palavras As minhas palavras despi-as até elas me ficarem respirando nuas debaixo da língua. Volto-as cuspo-as sugo-as sopro-as estico-as dos pés à cabeça estendo-as Faço-as grandes como uma nave lunar e pequenas como uma criança. Procuro em toda a parte a linha que me diga onde me posso encontrar. Ulla Hahn , in A Sede entre os Limites

Uns e outros

há uns que sabem como começou e também sabem como vai acabar outros que não sabem como começou mas sabem como vai acabar outros que sabem como começou mas não sabem como vai acabar outros ainda que nem sabem como começou nem como vai acabar outros enfim que nem sabem se já começou ou se já acabou Alberto Pimenta , in   Obra Quase Incompleta

Do dia:

Um céu derretido como cera quente. Naquele preciso momento em que não é possível distinguir o dia da noite, recordar-me de ti: um dentro do outro . Josep M. Rodrígue z, in  Caixa Negra

Salvação

Salvar-se não é fácil Primeiro há que saber-se de quem. Não é o mesmo salvar-se do tempo que salvar-se da chuva Alguns dizem que há que acreditar outros sabem que é melhor criar para se salvar da memória e do esquecimento Ocupar outra alma com um verso Outro corpo com uma palavra Outra boca com um olhar lento Semear pedaços de alma entre as letras Inventar palavras e mundos Beijar lenta e muito seriamente para que outros nos leiam os dedos e a língua e aí sigamos como se nada fosse noutro rosto, noutra alma salvos do tempo e de nós mesmos salvos deste jogo estranho desta doença obstinada escrevendo palavras com a boca. Pablo Javier Pérez López , in O Mistério do Ofíci o