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A mostrar mensagens de 2015

Música para a meia-noite

Uma vez por ano, é altura disto:

Do dia:

Porque estamos no fim de 2015 e porque a menina que faz hoje anos me proporcionou um dos melhores momentos dele.

Pascal Quignard e eu #4

Jean de La Bruyère tinha uma preferência acentuada pelo verde. Com uma guitarra, fazia palhaçadas. Era feio. A parte de baixo da sua cara foi-se tornando mais pesada e achatada. Os lábios eram grossos e talhados por uma espécie de amuo cada vez mais demorado. Como toda a gente, esticava as mãos, o nariz, o olhar, na ansiedade de ser amado, mas de cada vez que teve expectativas de seduzir acabou a chorar os seus desgostos. Ganhou assim uma espécie de dor, no mínimo inestética e disfarçada, uma espécie de caruncho. Além disso, rígido, burguês, fiel, vaidoso, espampanante, inquieto, azedo, com um evidente ridículo, uma extrema gravidade no humor. Tinha a alma cravejada de desprezos. (...) Pascal Quignard escreve e eu leio. E se entre as duas coisas há espaço e tempo a separá-las, quando a segunda acontece, parece que ele está mesmo ali a falar-me, ou que escreveu para mim sem que sequer o soubesse. Tenho um fraquinho literário pelo monsieur Quignard. É coisa certa.

Fragmentos do dia

Fugir às nuvens, contornar a chuva, esperar que ela passe enquanto a olho pela montra cheia de céu. Driblar turistas (estou a começar a ficar boa nisto) e correr para o metro com um saco onde partilham espaço um chapéu, um cachecol, uma caixa de lápis de cor, um livro de Maria Teresa Horta e um de S. João da Cruz.

Do dia:

(fonte aqui)

Resumo do dia:

(fonte aqui)

Recado #24

(fonte aqui) Não esquecer :  Fazer uma tatuagem.

Música à noite #45

Gotta love the man .

Música à noite #44

On repeat .  Ad infinitum .

No dia mais curto

FALTA DE AR Joelhos e memórias é o que vai primeiro. A dificuldade em andar acompanhada pela incapacidade de recordar. Caímos e descobrimos a falta de ar ou como a luz do sol entra numa divisão só para ser seduzida pelas sombras. E. Ethelbert Miller , in Falta de Ar

Do dia:

Sabin Balasa , Song Between Day and Night  (fonte aqui) Hoje descobri o romeno Sabin Balasa.

toda a ciência transcendendo

COPLAS FEITAS SOBRE UM ÊXTASE DE ELEVADA CONTEMPLAÇÃO Penetrei onde não soube e fiquei não o sabendo, toda a ciência transcendendo. 1 Não soube então onde entrava; porém, quando ali me vi, sem saber onde parava, grandes coisas entendi; não direi o que senti, que fiquei não o sabendo, toda a ciência transcendendo. 2 De paz e de piedade era a ciência perfeita, em profunda soledade entendida, via recta; era coisa tão secreta, balbuciei nada dizendo, toda a ciência transcendendo. 3 Estava tão embebido, tão absorto e alheado, que ficou o meu sentido de todo o sentir privado; e o espírito dotado de um entender não entendendo, toda a ciência transcendendo. 4 Quanto mais alto se eleva, tanto menos se entendia, que é nuvem cheia de treva que a noite inteira alumia; por isso quem a sabia fica sempre não sabendo, toda a ciência transcendendo. 5 Quem lá chega de verdade de si mesmo desfalece; vai parecer-lhe falsidade o que antes certo parece; sua c

Poema à noite #10

A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito É uma dança de roda e de doçura. Berço nocturno e auréola do tempo,  Se já não sei tudo o que vivi É que os teus olhos não me viram sempre. Folhas do dia e musgos do orvalho, Hastes de brisas, sorrisos de perfume, Asas de luz cobrindo o mundo inteiro, Barcos de céu e barcos do mar, Caçadores dos sons e nascentes das cores. Perfume esparso de um manancial de auroras Abandonado sobre a palha dos astros, Como o dia depende da inocência O mundo inteiro depende dos teus olhos E todo o meu sangue corre no teu olhar.   Paul Éluard , in Poemas Políticos

Da beleza #28

Paul Cézanne (fonte aqui) A luz.

Música à noite #43

Da disposição #20

(fonte aqui)

Poema à noite #9

um homem e uma mulher aproximam-se de uma porta com uma chave na mão. avançam como se não respirassem. um deles mete a chave na fechadura e entram. assim que fecham a porta atrás de si, olham-se um instante e lançam-se um ao outro, prendendo-se com as mãos e abrindo caminho com a cara, com a boca. passado pouco tempo arrastam-se no chão procurando cada lugar do corpo com cada lugar do corpo, arqueando-se ou amoldando-se e vorazmente passando de uma para outra entrada. ambos têm a boca molhada quando se levantam, passada uma hora, arfando enlaçados, mas devora-os ainda uma sede quase infinita e impossível de satisfazer. Alberto Pimenta , in Obra Quase Incompleta

Música à noite #42

Mood .

Poema à noite #8

Ardem os campos o lago bebe brasas chove cinza na aldeia sem estrelas a noite dilui-se nenhuma pedra fala em silêncio levanta-se o vento escapei recordo que esqueci   Eva Christina Zeller , in Sigo a Água

Do dia:

  Krzysztof Kieslowski , La Double Vie de Véronique , 1991 (fonte aqui)

Da beleza #27

(fonte aqui)

Do dia:

(fonte aqui)                                                                                                                                                                                                                                                                            Ler, ler , ler.

Da beleza #26

André Kertész (fonte aqui)

Nostalgia

Os poemas que não foram escritos pesam sobre mim como a sombra acumulada de um verão Anise Kolz , in Cantos de Recusa   Andrei Tarkovsky ,  Nostalghia ,  1983 (fonte aqui)

Música à noite #41

Em modo repeat .

Música à noite #40

My cup of tea.

Recado #22 (Pedaços de mim na fala dos outros #23)

 Porque não escreves? Quando ontem me fizeram esta pergunta, apercebi-me de como ela me é repetida de tempos a tempos por uma pessoa diferente, como um eco. A minha resposta é vaga ou silenciosa, denota provavelmente insegurança. Mas o que se responde a uma pergunta destas? Diz-se que não se tem jeito, que lemos o suficiente para nos apercebermos de que não sabemos escrever... Que está tudo escrito, que hoje o que fazemos são apenas adaptações... Que não se tem vida suficiente. Mas e isso importa? Melhor seria deixar de lado as constantes e impeditivas racionalizações e somente escrever. Pensa antes nisto: I began typing, not with the idea of writing a formal poem, but stating my imaginative sympathies, whatever they were worth. As my loves were impractical and my thoughts relatively unworldly, I had nothing to gain, only the pleasure of enjoying on paper those sympathies most intimate to myself and most awkward in the great world of family, formal education, busines

Da beleza #25

(fonte aqui)

Recado #21

(fonte aqui)

Música à noite #39

Para uma noite de calmaria #3

(fonte aqui)

Para uma noite de calmaria #2

Para uma noite de calmaria

61. LAMENTAÇÕES CIGANAS Estas alamedas fazem parte de uma das muitas metrópoles da Europa em plena decadência ou já mortas. Talvez seja Viena, que já o era desde há muito tempo. Não há tráfego e os ruídos do trabalho são raros. À tarde, os habitantes saem, sobretudo para frequentar confeitarias. Velhos violinistas entoam lamentações ciganas num qualquer lugar. Nada mais interessa. As salas de cinema estão vazias. Fotografias de actores expostas dentro de montras fechadas sem mercadoria. Às vezes, pressentem-se lojas desertas, com densas camadas de pó por todo o lado. Dizia Nisemback ter visto, há alguns anos, numa loja abandonada por um judeu emigrado para o Canadá, um despertador que assinala a hora exacta, não obstante se tratar de um instrumento de corda curta. E não há nenhum sinal sobre o pó que permita suspeitar que alguém vá, secretamente, dar-lhe corda. 62. A COR DO TEMPO O convento tinha a forma de uma margarida. Desprendendo-se de uma torre cilíndric

Poema à noite #7

Uma grande felicidade, Para roer até aos ossos. Ou para encher, à noite, os poços Da alma. Uma felicidade boa, Deixando o gosto na gengiva. Deixando o gosto da saliva. O gosto. Uma felicidade assim Que se metesse pela pele. Sem tu o seres, sendo fiel, Ainda. Uma felicidade feita Como quem ama, como quem come. Feita de cio. Feita de esperança. Feita De fome. José Cutileiro , in  Versos da Mão Esquerda

Música do dia:

Das leituras #4

Sobre a leitura da Bhagavad-Guitá , ocorre-me citar António Barahona no glossário desta edição: "Entretanto, Buda, ao ser interrogado acerca da natureza de Nirvana, manteve um nobre silêncio. "

Música à noite #38

Instantâneo #17

É a noite falsa dos dias que caminham para o inverno. É uma rua escondida num bairro esquecido, e há uma janela aberta com uma luz difusa onde uma mulher olha para fora. Olha para a rua vazia com uma paciência que se esgotou de esperança, e ainda assim espera que alguém passe, para enganar a solidão de uma casa mais triste que a rua, onde ela deixou de chegar aos objectos, de tão pequena se fez. Ninguém passa já naquela rua. A não ser os fantasmas da mulher à janela. All the lonely people Where do they all belong?

Pergunta #14

A beleza mata? É afinal aquilo que todos nós desejamos, um peso insuportável, uma lembrança constante dos nossos limites? A prisão de um desejo impossível, ou de um momento tão fugaz que é vislumbre apenas? É a beleza o sol de Ícaro?

Da disposição #19

Warhol unlimited @ MAM de Paris. (fonte aqui)

Música à noite #37

Dos livros

Día del libro, Barcelona  (Book Day, Barcelona) by Gabriel Casas , 1932  Collection: Arxiu Nacional de Catalunya (fonte aqui) Como eu te entendo, miúdo...

Música à noite #36

Da beleza: ficar acordada para ouvir a insónia do Tiago Sousa.

Resumo do dia:

Wim Wenders , As Asas do Desejo (1987) (fonte aqui)

Poema à noite #6

À meia-noite, pelo telefone, conta-me que é fulva a mata do seu púbis. Outras notícias do corpo não quer dar, nem de seus gostos. Fecha-se em copas: Se você não vem depressa até aqui, nem eu posso correr à sua casa, que seria de mim até ao amanhecer?" Concordo, calo-me. Carlos Drummond de Andrade ,   in O Amor Natural

Isto:

Na Europa, e com especial incidência nos Estados Unidos, proliferam inúmeras organizações que nada têm de hinduístas. Não passam efectivamente de uma moda, já em franca decadência, e que só contribuem para o lamentável equívoco de confundir Sanátana-Dharma com religião, moral, sentimentalismo, etc., e de Yôga com exercícios de relaxamento, ginástica terapêutica, desportiva, etc., noções completamente estranhas à tradição iniciática e primordialmente intelectual, que constitui o Hinduísmo. (...) O Hinduísmo, ou melhor, na sua autêntica designação, Sanátana-Dharma, não é uma religião. A religião comporta essencialmente o agrupamento de três elementos: um dogma, uma moral e um culto. Em Sanátana-Dharma não há nenhum dogma: há um Conhecimento a adquirir; não há propriamente moral mas dharma, conformidade à sua natureza, que implica obediência e disciplina; e há um culto, sim, mas o seu valor é puramente metafísico, tendo como alvo o Conhecimento, que conduz à Libertação, e não um val

Se os conselhos fossem bons, davam-se num blog (#7)

(fonte aqui)

Das topografias

Rose-Lynn Fisher - Topography of Tears (fonte aqui)

Do silêncio

Sem outro intuito Atirávamos pedras à água para o silêncio vir à tona. O mundo, que os sentidos tonificam, surgia-nos então todo enterrado na nossa própria carne, envolto por vezes em ferozes transparências que as pedras acirravam sem outro intuito além do de extraírem às águas o silêncio que as unia. Luís Miguel Nava , in Vulcão I

(parêntesis) #41

Dois braços, duas pernas, e todas as outras peças que fazem dela uma pessoa. Vê, cheira, fala, come. Chora.  Dir-se-ia uma pessoa, e ainda assim é claramente um objecto de usar e deitar fora. Pouco interessante depois de algum uso.

Pergunta #13

(...) que consciência é esta que em nome daquilo de que não estou bem certo, me leva a assumir este espaço solitário que vocês constroem para que eu nele passeie? (...) Rui Nunes , in Sauromaquia

Música à noite #35

Das leituras #3

Sunflower Sutra Ah, Sunflower, weary of time, Who countest the steps of the sun, Seeking after that sweet golden clime Where the traveller's journey is done; Where the youth pined away with desire, And the pale virgin shrouded in snow, Arise from their graves and aspire Where my Sunflower whishes to go! William Blake , in Songs of Innocence and Experience A páginas cem, a visão. Há pedaços de livros que por mais que sejam lidos por milhares de outros, serão sempre nossos.

Da beleza #24

(fonte aqui)

Música do dia

Breve divagação #7

Ter várias leituras em curso, não é sempre fácil. Especialmente quando entre as minhas mãos tenho livros como o Ulisses , o Sauromaquia , ou o Bhagavad Guitá (pela segunda vez). Mas é o meu caos privado, e encontro sempre uma ordem nele. É assim que leio, e é provavelmente um reflexo de como eu sou. O problema é que também estou a ler a biografia do Allen Ginsberg, e, ainda não alcançadas as cem páginas, já começo a ter lista de livros para ler. E pergunto-me como conseguirei ler tudo o que quero; se terei tempo, já que estou a meio da vida (isto se as coisas correrem bem) e longe da metade das leituras.  Mas depois, olho para a capa do livro e vejo o Ginsberg a olhar para mim, de cabeça apoiada na mão, chamando-me à vida, e só me apetece cair verticalmente no vício. Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício e cair verticalmente no vício Mário Cesariny , Pastelaria

Do dia:

Two of a kind .

Instantâneo #16

Está sentado no chão ao lado de um dos cafés da avenida como uma colagem. Tem um saco azul do lado direito, uma taça amarela à frente. Encostado à parede do prédio, os joelhos levantados a servirem de mesa a um livro de biblioteca que folheia teimosamente sem olhar quem passa. Lê com a boca. Dir-se-ia que o livro o faz esquecer-se dos outros e impede os outros de o olharem. Não sei se alguém o vê para além de mim. Parece uma visão, a ocupar um espaço estranho.

Da beleza #22

Enquanto a lebre corta a meta como um tiro, a tartaruga pára uma vez mais à beira da estrada, desta vez para esticar o pescoço e mordiscar um pouco de erva fresca, ao contrário da vez anterior quando se distraiu com uma abelha zunindo no coração de uma flor selvagem. Billy Collins , in Amor Universal

Da beleza #21

(fonte aqui)

Do dia:

Da disposição #17

(fonte aqui)

Do encontrar-me

Na verdade, nunca houve tempo em que eu não era, nem tu, nem estes chefes de povos; e, mais tarde, não virá aquele em que não existiremos. Bhagavad Guitá , Cântico II , 12 A encontrar-me na Índia antiga.

O encontro

O espaço entre nós que de súbito se preenche e consubstancia. Em que sinto o teu toque sem que sequer te aproximes. Esse é o momento da sintonia. O entendimento.  O encontro .

Música à noite #33

Recado #19

(fonte aqui)

Da (minha) vida:

Loui Jover , I Will Grow (fonte aqui)

Música à noite #32

Pedaços de mim na fala dos outros #21

Jorge Fallorca , in Longe do Mundo frenesi, maio de 2004

Breve divagação #6

Começa a apetecer-me enrolar-me na roupa da cama quando vou dormir. E enrolar-me em mim e ver filmes. Beber uma caneca de cevada. Vestir mangas compridas até aos nós dos dedos. Parece que o outono está a chegar para mim.

Do dia:

Do dia:

We shall not cease from exploration And the end of all our exploring Will be to arrive where we started And know the place for the first time. Through the unknown, remembered gate When the last of earth left to discover Is that which was the beginning; At the source of the longest river The voice of the hidden waterfall And the children in the apple-tree Not known, because not looked for But heard, half heard, in the stillness Between the two waves of the sea. Quick now, here, now, always-- A condition of complete simplicity (Costing not less than everything) And all shall be well and All manner of things shall be well When the tongues of flame are in-folded Into the crowned knot of fire And the fire and the rose are one. T.S Eliot , Little Gidding , in Four Quartets

Música à noite #31

Pedaços de mim na fala dos outros #20

Gostava dessa espécie de beleza que podemos surpreender a cada passo, desvelada pelo acaso numa esquina de arrabalde; a beleza de uma casa devoluta que foi toda a infância de alguém, com visitas ao domingo e tardes no quintal depois da escola; a beleza crepuscular de alguns rostos num retrato de família a preto e branco, ou a de certos hóteis que conheceram há muito os seus dias de fulgor e foram perdendo estrelas; a beleza condenada que nos toma de repente, como um verso ou o desejo, como um copo que se parte e dispersa no soalho a frágil luz de um instante. Gostava de tudo isso que o deixava muito a sós consigo mesmo, essa espécie de beleza arruinada onde a vida encontra o espelho mais fiel.   Rui Pires Cabral ,  Oráculos de Cabeceira

Curvas

O banho é curvo, a verdade é curva, eu não resisto às verdades rectas. Viver é curvo, a poesia é curva, o coração é curvo. Eu gosto das pessoas curvas e fujo, por serem peste, das pessoas rectas. Jesús Lizano , in  O Engenhoso Libertário E aqui, o próprio.

Dos amigos

Nunca o conheci. O mais perto que estive disso, foi partilhar um mesmo lugar que ele, e ouvi-lo, por sorte e por momentos, contar daquelas histórias maravilhosas que se passavam com escritores, e que eu seria capaz de ouvir durante horas. Não precisaria de mais nada para me cativar senão aquele momento, mas acontece que o que ele já fizera pela cultura e pelos leitores deste país era já demasiado grande para não gostar dele por isso. Este é o tipo de pessoas que nos tornam sortudos de os termos tido perto; o tipo de pessoas a quem agradeço por me ter tornado mais rica. Este é o meu tipo de pessoas, e eu sinto-lhe a falta quase como a um amigo. Porque na verdade, o é. Vitor Silva Tavares: certos curtos sinais (1.ª parte) Vitor Silva Tavares: certos curtos sinais (2.ª parte)

Da beleza #20

(fonte aqui)

Música à noite #30

Das palavras

Todas as palavras adormeceram em mim. Não ditas, não escritas. Por fazer. À espera da forma, do contorno, da curva , do som, do tom . À espera de saírem em silêncio pelos olhos, pelos dedos; em sussurros pelos lábios, em movimentos pelo corpo. Em desenhos pelo traço do lápis no mover da mão. À espera de serem tecidas na trama do som e silêncio. Adormeceram em mim como sementes. À espera das primeiras chuvas.