Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2015

Dos sonhos

The bats are in the belfry The dew is on the moor Where are the arms that held me And pledged her love before And pledged her love before It's such a sad old feeling The fields are soft and green It's memories that I'm stealing But you're innocent when you dream When you dream You're innocent when you dream I made a golden promise That we would never part I gave my love a locket And then I broke her heart And then I broke her heart It's such a sad old feeling The fields are soft and green It's memories that I'm stealing But you're innocent when you dream When you dream You're innocent when you dream Running through the graveyard We laughed my friends and I We swore we'd be together Until the day we died Until the day we died It's such a sad old feeling The fields are soft and green It's memories that I'm stealing But you're innocent when you dream When you dream You're innocent when you dream

Da leitura em progresso

Esperei até que chegasse a vontade definida de ler o Ulisses de Joyce. A minha edição é do Círculo de Leitores, capa dura, com a tradução brasileira (mas reputada) de Houaiss. Torci um pouco o nariz à ideia de ler uma tradução que não é portuguesa, mas comprei o livro tão barato que não achei digno queixar-me. Além disso, tirando algumas diferenças de vocabulário, a língua é a mesma, caramba; não sejas picuinhas . E então, quando a vontade chegou, comecei a leitura entusiasmada. Mas hoje foi quase isto: (fonte aqui) Juro que se lesse no original, precisaria menos de um dicionário.

Da beleza #12

Time and the bell have buried the day, The black cloud carries the sun away. T.S. Eliot , Burnt Norton , in Four Quartets

O fogo e a tarde

Com lento amor olhava os dispersos Tons da tarde. A ela comprazia Perder-se na complexa melodia Ou na curiosa vida dos versos. Não o rubro elemental mas os cinzentos Fiaram seu destino delicado, Feito a discriminar e exercitado Na vacilação e nos matizes. Sem se atrever a andar neste perplexo Labirinto, olhava lá de fora As formas, o tumulto e a carreira, Como aquela outra dama do espelho. Deuses que habitam para lá do rogo Abandonaram-na a esse tigre, o Fogo. Jorge Luis Borges , in O Fazedor

Instantâneo #12

Os jacarandás explodiram sem aviso pela cidade e fagulhas cor de malva caem, delicadas. Como recados que nos lembram de abrandar e olhar . No autocarro que passa, o reflexo de uma figura encostada à paragem; vestido branco e livro vermelho na mão, absorta em contemplação - o olhar na direcção da árvore.

Instantâneo #11

Sentada como o lótus, não se deseja mais do que o que se tem. A brisa na pele e no cabelo, e uma profunda ausência da necessidade de abrir os olhos. Tudo está preenchido. De repente o vento pára. Como se me contornasse; só o ouço ao longe nas árvores. O círculo fecha-se. Quando finalmente os olhos se abrem, a brisa regressa. Regressa a terra castanha, a serra rosada ao fundo, as árvores erguidas para o céu transparente, os pássaros a esvoaçarem nos galhos - mas não parece um regresso, antes uma criação nunca vista. E a luz.  Os olhos enamoram-se dela; é ela que faz querer ficar.

Pergunta #6

(fonte aqui)

Música à noite #14

Apontamento

Creio que no dia em que souber escrever-me, deixarei de existir. Mas o corpo falhará muitas vezes antes desse dia chegar, quem me dera não esquecer entre as viagens, aquilo que vou aprendendo no caminho.  Levo comigo um caderno de apontamentos, pelo sim pelo não.

Pedaços de mim na fala dos outros #15

«Teu rosto torna-se mais velho com o voltar da página, e eu pergunto-me todos os dias aonde irás, pois sempre te vi a querer mudar de sentido e de lugar, na tua aparente imobilidade.» Maria Gabriela Llansol , in LISBOALEIPZIG O encontro inesperado do diverso / O ensaio de música

Música à noite #13

Do dia

(fonte aqui)

Música à noite #12

Caminho

Podemos embriagar-nos a andar. Anaïs Nin , em carta a Henry Miller de 31 de Julho de 1932 Caminho. Bebo o ritmo dos meus passos até me embriagar. Mais e mais, até que eu sou um outro. O meu eu mais profundo.

Pedaços de mim na fala dos outros #14

Arrojaste o lençol da tua cama Deitaste-te de costas, e esperaste; Dormiste, e a noite revelou-te As milhentas sórdidas imagens De que a tua alma era formada; Voltejaram tontas contra o tecto. E quando o mundo todo regressou E a luz se infiltrou entre as portadas, E ouviste os pardais pelas sarjetas. Tiveste uma visão da tua rua Que a própria tua rua não reconheceria; Sentada na borda da cama, onde Tiraste os papelotes do cabelo Ou pegaste nas plantas amarelas dos teus pés Com as palmas sujas das mãos ambas.   T. S. Eliot , in Antologia Poética Da estranha sensação que se sente quando nos vemos num poema como se ao espelho fosse.

A boca

Apenas uma boca. A tua boca Apenas outra, a outra tua boca É Primavera e ri a tua boca De ser Agosto já na outra boca Entre uma e outra voga a minha boca E pouco a pouco a polpa de uma boca Inda há pouco na popa em minha boca É já na proa a polpa de outra boca. Sabe a laranja a casca de uma boca Sabe a morango a noz da outra boca Mas sabe entretanto a minha boca Que apenas vai sentindo em sua boca Mais rouca do que a boca a minha boca Mais louca do que a boca a tua boca David Mourão-Ferreira

Da estrada

Loop

(fonte aqui) Demasiadas vezes verdade.

Da disposição #8

Do futuro

all her books of terrified loneliness all her books about the cruelty of loveless love were all that was left of her as the strolling vacationer discovered her body notified the captain and she was quickly dispatched to somewhere else on the ship as everything continued just as she had written it  Charles Bukowski ,  Poems Carefully Chosen

(parêntesis) #18

Dando voltas ao Castelos Perigosos , de Louis-Ferdinand Céline, há demasiado tempo. As páginas parecem areia movediça. Ouço-o queixar-se na minha cabeça, e por muito bem que ele escreva, não consigo evitar a sensação desconfortável de estar a suportar uma conversa que desejaria já ter terminado. Se ele me ouvisse, já estaria a criticar-me.

Da biblioteca

Hoje foi a última vez que subi a calçada para entrar na minha biblioteca. Senhores de reinos invasores tomaram para si o edifício cor-de-rosa onde passei horas da mesma cor. Dizem-me que as coisas mudam, e eu aceito. É uma inevitabilidade da vida, e é bom que exista. Mas a morte de uma biblioteca nunca é uma coisa positiva; e se a palavra parece demasiado forte, ainda assim é como o sinto - e nem preciso percorrer o caminho que fala dos livros que deixam de estar disponíveis aos olhos dos leitores-aprendizes , e que por isso os não vão poder guiar; e muito menos o das políticas que levaram a este fim. Basta-me olhar o edifício que tornava a minha biblioteca tão bonita, e caminhar no soalho que range ecos de quando era uma casa nobre. Basta-me sentar numa das mesas encostadas às janelas de vidros pequenos, por onde a luz parecia entrar suavemente, sem fazer barulho, para ler junto com as pessoas. E saber que foi a última vez. Basta-me ver a tristeza nos rostos dos funcion

Música à noite #11