Avançar para o conteúdo principal

Isto:


Na Europa, e com especial incidência nos Estados Unidos, proliferam inúmeras organizações que nada têm de hinduístas. Não passam efectivamente de uma moda, já em franca decadência, e que só contribuem para o lamentável equívoco de confundir Sanátana-Dharma com religião, moral, sentimentalismo, etc., e de Yôga com exercícios de relaxamento, ginástica terapêutica, desportiva, etc., noções completamente estranhas à tradição iniciática e primordialmente intelectual, que constitui o Hinduísmo.
(...)
O Hinduísmo, ou melhor, na sua autêntica designação, Sanátana-Dharma, não é uma religião. A religião comporta essencialmente o agrupamento de três elementos: um dogma, uma moral e um culto. Em Sanátana-Dharma não há nenhum dogma: há um Conhecimento a adquirir; não há propriamente moral mas dharma, conformidade à sua natureza, que implica obediência e disciplina; e há um culto, sim, mas o seu valor é puramente metafísico, tendo como alvo o Conhecimento, que conduz à Libertação, e não um valor dogmático e moral, que aspira à Salvação.
(...)



António Barahona, na Introdução de Poema do Senhor - Bhagavad Guitá

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Eu não durmo

(fonte aqui) Eu não durmo, respiro apenas como a raiz sombria  dos astros: raia a laceração sangrenta,   estancada entre o sexo   e a garganta. Eu nunca   durmo,   com a ferida do meu próprio sono.   Às vezes movo as mãos para suster a luz que salta   da boca. Ou a veia negra que irrompe dessa estrela   selvagem implantada   no meio da carne, como no fundo da noite   o buraco forte   do sangue. A veia que me corta de ponta a ponta,   que arrasta todo o escuro do mundo   para a cabeça. Às vezes mexo os dedos como se as unhas   se alumiassem. (...) Nunca sei onde é a noite: uma sala como uma pálpebra negra separa a barragem da luz que suporta a terra. (...) Herberto Helder , Walpurgisnacht

Poema à noite #17

Esparsa Não vejo o rosto a ninguém,  cuidais que sou, e não sou.  Sombras que não vão nem vêm,  parece que avante vão.  Entre o doente e o são  mente cada passo a espia;  no meio do claro dia  andais entre lobo e cão.  Sá de Miranda , in  Antologia Poética  

Quem tem medo do Lobo Antunes?

E a chuva não caía, não havia «gotas que acrescentavam vidro ao vidro deformando as roseiras à medida que desciam». Mas os troncos caminhavam para trás na viagem de regresso a Lisboa, enquanto Lobo Antunes invocava fantasmas fechados numa gaveta feita de páginas. Na verdade, não sei se ele os invoca ou se são eles que o escolhem para lhes dar voz, mas deve haver qualquer tipo de transferência entre escritor e personagens, para que lhes consiga chegar tão fundo. Ler António Lobo Antunes não é para meninos; não é para quem gosta de ler histórias, mas para quem quer ler pessoas ( Os romances maus contam histórias, os romances bons mostram-nos a nós mesmos ). É para quem não tem medo de enfrentar o interior de personagens que espelham pedaços de nós (não nas acções; nas fraquezas, nos pensamentos que não gostamos de admitir nem a nós mesmos). É para quem não tem medo de não saber o que dizer dos seus livros, mas tem a coragem de mergulhar neles. Porque afinal, é impossível f