Faz tempo que não escrevo, mas não é pelo silêncio. Não tenho nenhum êxito há dias. Encontrei um paredão para o qual não tenho ferramentas. Tenho anotado mentalmente todo um plano de destruição da pedra. Mas ela acaba por me anular na manhã seguinte. Prefiro não deixar rastros.
Algo me diz que tenho medo de dar cabo à pedra e, tendo resolvido, outro poema aparecer. Ou o fim da pedra será o fim de mim. As explosões de nada adiantam. Misturo-me ao suor granítico. Estou tão insegura. Como se não conhecesse o leite. E outras coisas vitais.
Júlia de Carvalho Hansen, in O Túnel e o Acordeom: Diário Fóssil Encontrado Após a Explosão
Excelente.
ResponderEliminarE encaixa tão bem nestes meus dias... :)
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