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"Repara bem no que não digo"


(...) On 22October, Allen stood before the lion-faced doorbell of the narrow three-floor house on Calle Querini that Olga Rudge had owned since 1928. Pound was silent throughout the visit. (...) Allen recorded in his journals: 'He had come upstairs swiftly when I asked him to listen, and folded self in chair, silent hands crossed on lap, picking at skin, absorbed.' Allen put on the Beatles' 'Eleanor Rigby' and 'Yellow Submarine'. Pound smiled lightly at the line 'no one was saved'. Allen played Dylan's 'Sad-Eyed Lady of the Lowlands', and 'Gates of Eden', sometimes repeating words aloud for Pound to hear clearly. Allen even brought along Donovan's 'Sunshine Superman'. (...)'Sat there all along,' Allen wrote. 'I drunk, he impassive, earnest, attentive, asmile.' Allen continued the concert by chanting mantras to Krishna, Tara and Manjusri. Hearing the Manjusri mantra, Olga Rudge came to the top floor and joined them, saying, 'It sounded beautiful down there.' Pound said nothing. That evening, Ginsberg went to Harry's Bar and got very drunk. (...)

 Barry Miles, in  Ginsberg - A Biography


(fonte aqui)

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Eu não durmo

(fonte aqui) Eu não durmo, respiro apenas como a raiz sombria  dos astros: raia a laceração sangrenta,   estancada entre o sexo   e a garganta. Eu nunca   durmo,   com a ferida do meu próprio sono.   Às vezes movo as mãos para suster a luz que salta   da boca. Ou a veia negra que irrompe dessa estrela   selvagem implantada   no meio da carne, como no fundo da noite   o buraco forte   do sangue. A veia que me corta de ponta a ponta,   que arrasta todo o escuro do mundo   para a cabeça. Às vezes mexo os dedos como se as unhas   se alumiassem. (...) Nunca sei onde é a noite: uma sala como uma pálpebra negra separa a barragem da luz que suporta a terra. (...) Herberto Helder , Walpurgisnacht

Poema à noite #17

Esparsa Não vejo o rosto a ninguém,  cuidais que sou, e não sou.  Sombras que não vão nem vêm,  parece que avante vão.  Entre o doente e o são  mente cada passo a espia;  no meio do claro dia  andais entre lobo e cão.  Sá de Miranda , in  Antologia Poética  

Quem tem medo do Lobo Antunes?

E a chuva não caía, não havia «gotas que acrescentavam vidro ao vidro deformando as roseiras à medida que desciam». Mas os troncos caminhavam para trás na viagem de regresso a Lisboa, enquanto Lobo Antunes invocava fantasmas fechados numa gaveta feita de páginas. Na verdade, não sei se ele os invoca ou se são eles que o escolhem para lhes dar voz, mas deve haver qualquer tipo de transferência entre escritor e personagens, para que lhes consiga chegar tão fundo. Ler António Lobo Antunes não é para meninos; não é para quem gosta de ler histórias, mas para quem quer ler pessoas ( Os romances maus contam histórias, os romances bons mostram-nos a nós mesmos ). É para quem não tem medo de enfrentar o interior de personagens que espelham pedaços de nós (não nas acções; nas fraquezas, nos pensamentos que não gostamos de admitir nem a nós mesmos). É para quem não tem medo de não saber o que dizer dos seus livros, mas tem a coragem de mergulhar neles. Porque afinal, é impossível f