Uma, duas colheres de cevada na água a ferver, e as voltas da colher a fazerem subir a fita de vapor que dança sozinha até entrar no corpo a adiantar calor.
Rescende, como diria Eça. Em mim, o cheiro é a maneira mais rápida de evocar memórias e de criar histórias (consta que o louco vê mais com o nariz do que com os olhos, não é, Grenouille?), e eu percepciono (subliminarmente) as formas das palavras que gostaria de escrever.
Mas elas sempre me fogem, e eu regresso àquelas que outros souberam escolher, apanhar e combinar - com a caneca de cevada ao meu lado, rodeada de cadernos, lápis e papéis (As folhas de papel espalhadas pela casa), pego no livro de Teolinda Gersão até ele se calar. Tenho de comprar este livro, anoto. Se pudesse, esta mesma edição, com a capa decorada com a obra de Vieira da Silva. Revejo-me nele em pedaços que se repercutem assim como aqueles de La Machine Optique.
Pensei no dia de hoje. Em como os meus olhos se detiveram em tantas coisas primeiro, e ainda assim a primeira visão do dia teres sido tu.
Pensei no dia de hoje. Em como os meus olhos se detiveram em tantas coisas primeiro, e ainda assim a primeira visão do dia teres sido tu.
Fiquei sentada a sentir o dia e achei que era Domingo e não Sábado.
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